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quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

PLAYMOBIL do HABERMAS


É fácil encontrar essa imagem do lado. Uma mulher segura uma bandeira com três fitas, nas cores francesas. E Habermas, caracterizado com algum traje de receber mais um título de doutor honoris causa, o topete grisalho. Enfim, muito engraçadinho e serve para completar montagens de castelos e multidões em escala de um por vinte e cinco. O grande lance é que a figura com a bandeira representa Olympe de Gouges, uma militante dos direitos humanos das mulheres. Muito pertinente a dupla, na montagem, pois Habermas teve que ouvir um monte de reclamações de militantes feministas nos anos enta e enta, logo depois de publicar sua tese sobre a esfera pública (1962). Não teria havido uma esfera pública feminina ou feminista? Habermas levou uns trinta anos para responder que não. Em um novo prefácio, explica que sua pesquisa não encontrou registros, embora isso e aquilo. Será que convenceu o mulherio engajado? É de se duvidar.

Um bonequinho de Adorno ficaria bem. Nesse caso, uma vingança da indústria cultural que põe na linha de montagem e no esquema de mercado a figura mais ranheta contra a sociedade alienada de consumo. Tipo assim, um rap com citações de uma peça de Mozart. O que não seria novidade, pois um hit repetia nos oitenta "I like Chopin" (entram acordes fora de contexto). E um outro pedia que Beethoven fosse para o acostamento: Roll over, Beethoven - que aliás virou nome de cachorrão atrapalhado em filme norte-americano sessão da tarde. Feito para crianças de dez anos, por adultos com idade mental de... uns seis.

Mas aqui, não. A Lego não brinca em serviço. E seu serviço é miniaturizar figuras e cenas e carros. Vejam outros bonccos filosofantes nos sites http://www.flickr.com/photos/helico/362481791/ + http://www.flickr.com/photos/helico/362481790/in/photostream/ Tem também Descartes, Averróis, Tomás de Aquino, Lao-Tsé e... Marx. Muito legal. Imaginem o que pode de render de conversa com as crianças, em torno da brincadeira e da coleção...

E atenção, pais e mães e babás que lêem blogs de filósofos que perdem tempo escrevendo sobre filósofos transformados em minúsculos bonecos! Crianças menores de 3 anos não devem brincar com o filósofo, pois podem engolir peças. No caso da boneca com a bandeira, a primeira peça a rolar é sua cabeça... (Omitam isso para crianças despreparadas) . E, como diria o Chaves ao Kiko: gente grande também pode engolir essas peças de brinquedos - mas não os desaforos da gentalha, gentalha!

PLOCON AVISA: cuidado com as imitações orientais. O legítimo Habermas escreveu Fakzität und Geltung e brilha de noite e de dia em todo o Ocidente social-democrata.

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Mais sobre a bonequinha Olympe de Gouges, na Wikipedia:
Olympe de Gouges, pseudônimo de Marie Gouze (Montauban, 7 de maio de 1748 — Paris, 3 de novembro de 1793) foi uma feminista, revolucionária, jornalista, escritora e autora de peças de teatro francesa. Os escritos feministas de sua autoria alcançaram enorme audiência. Foi uma defensora da democracia e dos direitos das mulheres. Na sua Declaração dos direitos das mulheres e da cidadã (em françês: Déclaration des droits de la femme et de la citoyenne) de setembro de 1791, desafiou a conduta injusta da autoridade masculina e da relação homem-mulher que expressou-se na Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão durante a Revolução Francesa. Devido aos escritos e atitudes pioneiras, foi guilhotinada na praça da Revolução, Paris.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

O HABERMANS E O ROTWEILLER








Não confunda o nome dos homens. E "homem" em alemão é Mann. Daí que temos muitos nomes próprios, sobrenomes, que terminam em Mann: Zimmermann, Herrmann, Mannesmann e tantos outros. Pois não é que um certo alemão, da família Dobermann, inventou uma raça de cachorro que leva seu nome? Até então, Dobermann não era nome de cachorro. Assim como Ford não era marca de carro, antes de 1929. Então não tenham medo da palavra cão e nem do nome Dobermann. Pense no filhote, mansinho.

É que muitos alunos cometem esse deslize que soa engraçado: escrevem Jürgen Habermans. E nisso de acrescentar um N evocam tanto o homem quanto o homem que deu nome ao cão. E é cachorro grande, cachorro brabo, dos mais temidos, sem dúvida. Inteligente também, posso dizer. Besteira o lance do cérebro maior que o crâneo, a comprimir-se e enlouquecer o animal. Mas não convém encherem a barriga com dois quilos de ração e água e em seguidinha descer a ladeira do portão. Numa freada brusca, o estômago pode comprimir o coração e...

Mas o que é que esse cachorro de bad boy está fazendo aqui? De repente atrai um bad boy, depois da academia, que vai ler sobre um filósofo alemão, que tem um nome parecido com, etc.

Ora, na foto acima, a mensagem típica para muros e portões - "Aqui eu vigio" - não tem quase nada a ver com Habermas. A não ser que o vejamos como o guardião da velha modernidade racionalista. Mas não precisa ser cão de guarda pra vigiar um negócio desses; até gato vigia alguma coisa. Sua casa, inclusive.


Para um contraponto - e isso talvez compense para o pesquisador, que não sabia ainda - o mestre de Habermas também já se apresentou com nome de cachorro. Na raça, o aparentemente dócil Theodor Adorno, já adotou o pseudônimo de Erich Rottweiler.


Confiram em Martin Jay ou Kothe. Naqueles tempos bicudos da besta-fera comendo solta, era bom esconder o nome e o nome do meio. Se era...

Mas como assim, "dócil"? dirão revoltados os adornianos de carteirinha. Assim dócil, responde este blog, manso como sói ser um ursinho de pelúcia, apelidado Teddy, my Teddy "Bär". Olha, isso foi coisa de americano, botar apelido de Teddy em um venerável mestre Theodor. Nada de insinuar que sua crítica seja ou fosse entonces inofensiva.

Aproveitemos a deixa: nada de apologia aos cães bravos, pois na aldeia da Alemanha em que morei, Hohnstorf bei Bienenbüttel, só um nazista tinha cachorro pastor alemão (que é lá é só "Cão pastor"). Muito agressivo, dizia o vizinho Hans-Werner, que tinha um perdigueiro chamado Luiz, aliás Ludwig, que lembra outro filósofo, etc. E, a propósito, este blog não vigia nada - nem pela correção gramatical, depois da reforma orthographyca.

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TRANSLATION: It's sometimes funny when my students write HabermaNs, instead of Habermas, because I think they mix the family name of our philosopher with that german dog "Dobbermann". By the way, Adorno had also adopted "Erich Rottweiler" as pseudonym - and this is another german dog race. Well, perhaps Adorno would like to present himself as a fierce animal, but in the USA where he lived in exhile he was called Teddy, because of his first name Theodor. Well, this a childish form for calling puppy bears. And, in fact, we hope that Critical Theory can still be effective - it could not only grasp concepts but also bite "reality" and the postman who disseminates ideology. And say no to dangerous dogs. Give cats a chance.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

HABERMAS IN RIO - IN RIO GRANDE

[Peter Schmidt, Cirne-Lima, Habermas, dona Ute Habermas, Álvaro Valls e Cleufe]

Em 1989, o filósofo alemão Habermas esteve no Brasil. Visitou Rio de Janeiro, São Paulo e o Rio Grande do Sul. Encontrei a foto acima no site do Prof. Cirne-Lima. Confiram, pois nesta foto não tem "X" para desconhecido. É bom conferir, caro leitor, se você não é um ilustre desconhecido em algumas fotos de turmas de filósofos, parentes e penetras. Se for o caso, identifique-se, pois lutamos por "reconhecimento" e não queremos aparecer na conta de luz, como desaparecidos.

Com este post mais leve, estamos de volta à miuçalha das notas e lembranças periféricas. Diante dos workaholics, este blog parte para a defesa sem ataque e procura o respaldo da boa companhia de outras diversões. Isso lembra o filme de Drácula dirigido pelo Coppola e estrelado por aquele feioso do Gary Oldman - que as fãs de ambos me desculpem, mas o vampiro se parece com o Benito de Paula.

Diante do invento do cinematógrafo - ou outro truque com imagem em "falso movimento" - nas ruas da metrópole em final do século XIX, um personagem pondera: "Isto aqui não é cultura. Se querem cultura, visitem os museus. Londres tem muitos deles."

Pode ser o Coppola falando lá. E outros aqui. Mas é isso: se querem dureza, leiam Faktizität und Geltung. E não nos venham nos pedir uma talagada de Dreher depois. E muito menos do licor verde do Jäggermeister.

De "Habermas in Rio" já falamos bastante aqui, há meses. Dos pagos gaúchos, só esta foto. E de São Paulo, só uma dúvida que atiça a curiosidade. Depois de conferir que em Sampa muitos intelectuais conheciam sua obra e citavam de cabeça os anos e as editoras, Habermas teria perguntado algo do tipo: "E como andam os desenvolvimentos da Teoria da Dependência, de Cardoso e Falleto?" Dizem que foi um silêncio daqueles, cada paulistano olhando para longe da roda de conversa reservada aos mandarins locais... Seria bom conferir esse episódio, para que não se incentive a temporada de anedotas. Ja wohl.


segunda-feira, 29 de novembro de 2010

"ESSE HABERMAS É MEIO COR DE ROSA, NÃO?"











AINDA NÃO TEM HABILITAÇÃO?


TEM MEDO DE DIRIGIR ATÉ MESMO A PALAVRA A ALGUÉM?

FICA PERDIDO NO MEIO DE TANTOS SINAIS E MULTAS?


A CONVERSÃO
à ESQUERDA JÁ ERA
OU ESTÁ FORA DE FOCO?










Fique tranquilo, pois neste caso (na rua, não) o sinal pode ser interpretado,inclusive com ajuda da orelha do livro: Habermas virou para a esquerda ou sua conversão significou o novo pardigma da linguagem? Vinte e cinco anos antes do lançamento desse livro, em 1986, a Professora Maria Apparecida Monteiro referia-se a Habermas como "meio cor de rosa", ou seja, meio comunista. Para alguns marxistas e adornianos, Habermas seria inofensivo ou "traidor" da esquerda revolucionária. Compre e leia esse livro, sobretudo para entender o que significa empregar enunciados condicionais contrafatuais - estruturas argumentativas baseadas no "como se" (als ob) e que poderiam fundar a teoria crítica da sociedade em novas bases.



TRANSFORMAÇÃO
DA
TEORIA
CRÍTICA

A CONVERSÃO DE
HABERMAS
AO PARADIGMA DISCURSIVO



O Ivan Lima é um grande artista na Edufu. Sugeri a cena urbana e, depois, a foto que tem o sinal de trânsito um pouco fora de foco. Funcionou, não?

Em Uberlândia, compre na Livraria da Edufu, Bloco 3Q, Campus Sta. Mônica ou peça pelo fone (034) 3239 4293, bem como por livraria@ufu.br [www.edufu.ufu.br]

Leia e veja como resolver um problema que Habermas deixou de lado. Obrigado. Valeu. BB

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TRANSLATION: "THIS HABERMAS IS A LITTLE PINK, ISN'T HE?" The book title, Transformation of critical theory, is clearly a reference to Feuerbach thesis number eleven and also to Apel's Transformation of philsophy. In this case, habermasian linguistic turn is a response to his paradigm crisis. The book is centered on an analysis of the meaning and use of conditional counterfactual arguments (as if...) that could serve as a new foundation for critical social theory. The author remembers that 25 years ago a conservative working colleague, Ms. Apparecida Monteiro, identified Habermas as "half pink philosopher". Her image meant Habermas' former relation to a group of marxist thinkers. The cover picture suggests this unclear political position, but remembers also that society is what counts for our academic efforts.




segunda-feira, 22 de novembro de 2010

HORA DE VENDER O PEIXE


O velho e o mar sabem: não basta pegar o peixe; tem que levá-lo ao mercado. Daí, molhar os pés e cansar as costas, ou seja, o componente braçal do trabalho intelectual. E agora isso: bancar o vendedor...

Eis um caso exemplar de obra que mobilizou muita gente, ao contrário do pescador de Hemmingway. Muito esforço e alguns meses para vermos nas livrarias esta coletânea de textos sobre HABERMAS.


Lançado há um mês no congresso da ANPED, o título Direito e democracia em Habermas cai bem, pois vai ao cerne de sua mais substancial contribuição teórica, que ao mesmo tempo fundamenta e defende a democracia.

A leitura não é nem indigesta e nem adocicada com novos sabores. Conforme o subtítulo, estão no livro da Editora Xamã "pressupostos e temas em debate". Não se trata de facilitar ou resumir um autor tão denso. Nossa proposta foi abordar os elementos centrais do amplo quadro categorial de Habermas: direito, democracia, liberdade comunicativa, agir comunicativo, política, esfera pública, sociedade civil, teoria do direito, etc. Parâmetros de interpretação são apresentados no contexto da globalização e da mudança de paradigmas e também em contraponto com Miguel Reale.

A unidade do livro é apoiada também no grupo de pesquisa "Teoria Crítica e Educação Superior", que promoveu uma série de seminários e outros eventos nos últimos três anos. São seus componentes os colaboradores Sandra Olades Martins, Paulo R. A. de Almeida, Fábio L. Borges, Osvaldo Freitas de Jesus, Luiz R. Gomes e Bento Itamar Borges. Os três últimos são os co-editores do volume. Além destes, foram convidados Flávio B. Siebeneichler e Edmilson A. de Azevedo.

O prefácio foi assinado por João dos Reis Silva Júnior.





A edição bem cuidada da Xamã Editora teve apoio financeiro da FAPEMIG e da UNIPAC de Araguari. Endereços: www.xamaeditora.com.br e vendas@xamaeditora.com.br

THIS IS A NOTICE AND AN ADVERTISMENT: OUR RESEARCH GROUP "CRITICAL THEORY AND UNIVERSITY EDUCATION" HAS RECENTLY PUBLISHED A BOOK THROUGH XAMÃ PUBLISHER HOUSE [see addresses above]. THE TITLE "RIGHT AND DEMOCRACY IN HABERMAS" REFERS TO HIS MOST IMPORTANT WORK, WHICH IN BRAZIL RUNS LIKE THIS, "RIGHT AND DEMOCRACY" [and not something like "Facts and Values"]. THE SUBTITLE PROMISES "BACKGROUNDS AND THEMES FOR DEBATE" AND IN FACT DEALS WITH HARD CORE POINTS AND ALSO PERSPECTIVES SUCH AS GLOBALIZATION AND CHANGE OF PARADIGMS - THE "LINGUISTIC TURN", IN THIS CASE. THE BOOK HAS BEEN SUPPORTED BY FAPEMIG - A PUBLIC FOUND FOR RESEARCH IN MINAS GERAIS - AND UNIPAC, A UNIVERSITY BRANCH LOCATED AT ARAGUARI, MINAS GERAIS. I STILL HAVE HALF A DOZEN BOOKS THAT I COULD SEND WITH NO COST FOR THE FIRST ONES WHO SEND ME AN ADDRESS THROUGH THE COMENTS AREA OF THIS BLOG. THANKS. BENTO BORGES

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

HABERMAS ESTÁ CADUCO





















Aqui por estas bandas, quando alguém fica encantado com um filho ou neto, é costume dizer que "está caduquinho" com a criança (que decerto vai ter mais liberdade e atenção...)

E parece que isso já vale para Habermas. E não é que agora estamos sabendo que ele é avô! E mais ainda: ele mesmo nos contou. Bem, na verdade, contou de tabela, em carta que escreveu a Barbara Freitag.

Habermas disse que "sua neta apropriou-se imediatamente da camiseta divertida" que recebeu dos organizadores do evento "Habermas 80 anos". Isso foi em setembro de 2009, na Paraíba. A camiseta trazia uma conhecida charge com os filósofos de Frankfurt. E a graça foi a troca das cabeças. Agora Habermas seria o paizão e não mais o Horkheimer de outrora...


Em tempo: Quem usou o termo "caduco" foi Habermas mesmo, referindo-se à nona década de vida, em que já se encontra. As notícias familiares são mais completas ainda. Vejam: "Contudo, por enquanto, minha mulher e eu ainda estamos física e intelectualmente bem (deixando de lado as corriqueiras manifestações de caduquice devidas à idade)."

Em Tempo Brasileiro: Na revista Tempo Brasileiro, número duplo 181-182, podem ser lidas muitas das contribuições apresentadas no referido evento de homenagem aos 80 anos do alemão. Email para tb@tempobrasileiro.com.br

[Ops! essa minha imagem de scanner ficou péssima... Sorry und tut mir leider, etc.]

Seguinte: vou ver se a editora tem um link com o conteúdo desse número especial da revista. Por enquanto, cabe dizer que meu amigo Edmilson organizou e apresentou a edição. E, no meio de tanta fera e cobra criada, estamos nós - Luiz Roberto Gomes, Osvaldo Freitas de Jesus & Bento Itamar Borges - tratando de "Ação comunicativa, esfera pública e educação".

TRANSLATION: This pictures refers to a letter that Jürgen Habermas sent last october to Barbara Freitag. The german philosopher said it's a sweet surprise to know that in Brazil occurred a large Philosophy Congress to celebrate his 80th birthday. Soon after that event, Barbara send him a folder and a T-shirt as souvenir of his 80 years. Here I tried to keep up this amusement mood, because Habermas told that his granddaughter had taken possession of the funny T-shirt. In this drawing, the girl says "I want it, I want it! I want it 'cause I want it!..." Grandfather Habermas answers: "Ok, then... But I will wear the T-shirt for my hundred years party..." The funny thing also is this inscription on the shirt: "Xô aperrêio!" Well explaining jokes is not a funny task. But I don't like to get away and leave the scene of philosophical debate by giving faint excuses such as "this is untranslatable". So, in short, "Xô aperreio" is a northeastern brazilian slang for "no stress". For sure, Habermas should relax now, after too much serious work and social theory. He is making progress, once he finds the shirt funny. By the way, the original cloth he got doesn't include this "no stress" campaign. The joke is another one. Someone has had this excellent idea: the old picture that once represented Horkheimer as the bigger figure embracing Adorno, Marcuse and Habermas has in this new version Habermas himself as the nowadays big boss of Frankfurt School. That's it. Thanks. Borges

ÜBERSETZUNG: Eine Gruppe von brasilianische Philosophen hat letztes Jahr einen Kongress für Habermas 80. Geburtstag organisiert. Barbara Freitag hat dann kurz nach an Habermas eine Packung mit Plakat und T-Shirt geschenkt. Habermas hat dann ihren Brief geantwortet und erzählt dass "das witzige T-Shirt hat sich [seine] Enkelin angeeignet". Die Zeichnung hier zeigt ein Mädchen dessen Text lautet "Ich will es, ich will es! Ich will es weil ich es will..." Dazu antwortet Opa Habermas "Na gut, aber ich werde das T-Shirt von meine Hundertjähriger Party behalten, ok?" Ich sollte auch die Ausdrück "Xô aperrêio" übersetzen, weil bei uns hier gibt es keine Ausrede wie "das ist nicht übersetzbar". "Xô aperrêio" sagt man in Nordbrasiliens - wo der Kongress geschieht - wenn man was trauriges oder langweiliges vertreiben will, etwas wie "no stress", das so gut für Touristen trifft. Na ja, dies habe ich hier geschrieben und genau weil ich meine dass Habermas sollte jetzt beim 80 sich sparen und nicht so fleissig mit Sozialtheorien arbeiten... Schon gut! Man hat in Brasilien eine alte Karikatur geändert: jetzt ist Habermas der "big boss" oder der Ur-Vater der Frankfurter Schulle - und nicht mehr Korkheimer. Entschuldigung: man sollte keine Witze interpretieren, aber... Und ich habe keine Lust diesen Text zu revisieren oder was ähnliches. Nix meine Sache. Tschüss!

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Cartinha do Alemão

Hallo! Post...

Chegou quentinha da gráfica a revista dos 80 anos de Habermas.
Este blog deu um tempo.
Agora volta com esse anúncio:
Tempo Brasileiro - saiu a revista Tempo Brasileiro
com os textos que foram conferências na Paraíba, setembro de 2009.

Em breve, um fac-símile da cartinha de Habermas para nós, aos cuidados de
Barbara Freitag.

E vem mais novidades aí, pois, afinal, depois de três meses...

Valeu.

até+

quinta-feira, 8 de julho de 2010

A Filosofia em tempos de Copa do Mundo...

Habermas e o cardeal Ratzinger - futuro Papa Bento XVI - conversam em 2004 sobre a copa de 2010, antecipando contrafatualmente a lamentável derrota da seleção alemã:


Mas se você quiser saber da conversa séria entre estes dois alemães, leia o livro:

O livro da dupla Habermas & Ratzinger no Brasil é:
HABERMAS, Jurgen; RATZINGER, Joseph. Dialética da Secularização – Sobre razão e religião. Aparecida: Idéias e Letras, 2007.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

E por falar em forno...


Em homenagem aos 81 anos completados pelo nosso filósofo, saímos da rotina da sala de aula e fomos para um espaço público de nossa universidade aproveitar os fornos e aprendermos na prática sobre a cultura de massas.

Para efeitos de fiscalização: madeira reflorestada; lei seca; pizzas de rúcula e ricota para os alunos preocupados com o bem estar dos animais.

Seguem as evidências:



Escola de Uberlândia: 1ª Geração

Registramos aqui os nomes para facilitar o trabalho dos historiadores

Da esquerda para a direita: Victor Travaglia, Mikaella Rios, Fernanda Bernardes, Paulo Souza, Camila Lima, Bento Borges, André Queiroz, Marco Galvão, Carolina Lacerda, Michel Fagner [escondido], Ana Colantonni e Panmela Costa

quarta-feira, 30 de junho de 2010

Direto do forno, em primeira mão...


Se Habermas não está no Aurélio, ele está presente em um grande dicionário de filosofia recém lançado: O "DICIONÁRIO DE FILOSOFIA POLÍTICA", organizado por Vicente de Paulo Barretto, da editora Unisinos.

Mas o mais importante para esse blog é que o autor do verbete "Habermas" é o nosso Professor Dr. Bento Itamar Borges.

Dentre outros autores de verbetes desse dicionário estão: Bolivar Lamounier, Carlos R. V. Cirne-Lima, Marilena Chauí, Tarso Genro, Eros Grau, e muita gente nova, e brilhante, e competente...

Para pedir o seu exemplar: editora@unisinos.br / fone 51 3590 8239 e fax 51 3590 8238

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Congresso Weber 1964: 4 cilindros, 6 Volts

Livro de Detlef Hoster, "Jurgen Habermas"
Clique na imagem para maximizar

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Habermas in Rio: um show de encerramento

Considerações finais

Em continuação a conferência do dia 5 de outubro de 1989, no Rio de Janeiro, Habermas faz suas considerações finais:

- Venho aqui, à América do Sul, como professor de filosofia, para discutir com colegas e estudantes bem informados. Como estou pela primeira vez neste Continente, para aprender, apesar da rapidez. Conceitos e (...) são muito vazios. Estive oito dias em Lima, vi os bairros pobres, subi pelos Andes. Aí podemos ver o que fazer com as estatísticas que lemos antes. Ao vir aqui entendo um pouco melhor o que é viver em um país do Terceiro Mundo. Aqui, especialmente no Brasil, onde tudo acontece de forma tão simultânea... Belíndia.

[Habermas referia-se a um chavão do jornalismo de então, para ilustrar a velha tese já exposta no clássico livro Os dois Brasis – a expressão, de mau gosto, aliás, somava o melhor da Bélgica e o pior da Índia para dar conta de nosso desenvolvimento desigual.]

Flávio B. Siebeneichler, moderador e tradutor da conferência e das perguntas, diz, nesse ponto à platéia: “O Professor Habermas esteve tão interessado que até nos incitou a continuar o debate” (quando o horário já tinha vencido). Não me lembro se o público ainda fez perguntas (interessantes).

[Transcrição do Prof. Dr. Bento Teixeira de Menezes]

O reformista radical


ELE NÃO VESTIU ESSA CAMISA


Resposta de Habermas a uma pergunta de Álvaro Valls, no debate que se seguiu após uma das conferências do visitante alemão, no dia 5 de outubro de 1989, no Rio de Janeiro.


A pergunta não foi transcrita, mas é possível deduzi-la, pelo teor da resposta.

- Fui em 68 e ainda me considero um “reformista radical”¹. Marcuse e Fromm tinham uma autoconsciência revolucionária, mas não sei se meu amigo Herbert acreditava no que dizia. Sinto um desconforto ao ver os maoistas franceses de 68 como são hoje: neoliberais, nova direita, etc.

Ser intelectual no espaço público. Não podemos “criar sentido”, mas, sim, fazer a mediação com as ciências, ser cidadão normal, que interpreta a situação política. E podemos oferecer propostas que possam convencer o outro, mas o outro sempre poderá dizer “isso é bobagem”.

Ainda me sinto pertencendo à esquerda, com mais precauções. Deveríamos verificar a diferença de papéis entre intelectuais e políticos – os intelectuais de partido, organizadores de uma ação política, etc. Não quer dizer que a divisão de papéis implique que não se possa fazer todo o resto. Os partidos leninistas e maoistas mostraram como é fatal fazer o curto-circuito entre trabalho intelectual e público-político: tomar decisões, fazer algo arriscado – não deixar a decisão para alguns gurus.



¹Habermas já havia se posicionado sobre o “reformismo radical” (no seu caso, à esquerda da Social-democracia e contra o leninismo, etc.) em entrevista ao jornal Le Monde, dia 19 de outubro de 1980. {Filosofias, entrevistas do Le Monde. Ática, 1990]

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Hoje é sexta-feira... Bavária, Bavária, Bavária!



Que todos se lembrem de beber um gole de cerveja, nesta sexta-feira, em homenagem ao homem aí.



Habermas completa hoje 81 anos. Não é pouca coisa.



Parabéns ao nosso autor predileto neste blog.



Uma boa vida para ele e lembranças a Dona Ute.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Wem sonst als Dir




Este blog prometeu um perfil familiar do filósofo Habermas. Cá estamos de volta. Como prometido, apresentamos duas obras que ele dedicou a pessoas de suas família.
A importante obra "Teoria do agir comunicativo" de 1981 foi dedicada a sua esposa Ute Wesselhoeft. Aliás, como disse Hölderlin, "a quem se não a ti" - Wem sonst als Dir.
Já a obra "Discurso filosófico da modernidade" foi dedicada a sua filha Rebekka ao lado do seguinte agradecimento: "por me ajudar a compreender melhor o pós-estruturalismo".
Foto de 1979 retirada do livro "Jürgen Habermas zur Einführung" de Detlef Horster

Garranchos em alemão: quem consegue ler isso?

Clique na imagem para maximizar

Quem conseguir ler e traduzir esta frase de Habermas contribui para resolver um mistério que já dura mais de vinte anos. Enviem sugestões. Não temos prêmios a distribuir, mas, de repente, quem solucionar a charada poderá ganhar pontos na entrevista para bolsas do DAAD.

Esse trocadilho precioso já deve ter sido feito: teoria CRÍPTICA refere-se à parcela hermética, incompreensível dos autores ligados a Escola de Frankfurt. O que pode significar "o pulo do tigre para fora da história"? Ou "cuidado para não recair na barbárie, onde já estamos"? Ou "o progresso existe e não existe"?

Cripta é caverna, subterrâneo. E "críptico" é usado para "escondido", cifrado...

Deixamos aí um exercício de criptoanálise da escripta de Habermas, na verdade manu-scripta.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Criptografia habermasiana: participe você também!

Você não ganhará uma passagem para a África do Sul, mas poderá solucionar um enigma que já dura mais de 20 anos!

Aguarde novas informações...

Em breve, fac-símile da garatuja original.

Mobilität ist Leben (Mobilidade é Vida)


O que pensar de um bolsista que vai fazer pesquisa de doutorado na Alemanha? Beleza, é o que muitos queriam. Aí esse hipotético doutorando vai visitar Frankfurt. Era de se supor que ele fosse visitar a "Escola de Frankfurt". Mas... o evento em questão, em 1993, não foi nenhum congresso de filosofia e, sim, uma exposição de automóveis.

O lema da indústria de carros era então "Mobilidade é vida" - e aqui não vamos brincar com a paciência dos leitores do blog; não vamos passar de "vida" ao difícil conceito "mundo da vida". Não cabe forçar a barra tanto assim.

Em defesa do dito cujo - e do suado dinheiro do contribuinte, pois só o pessoal das ciência humanas se preocupa com isso - lá vai: não existe um prédio chamado Escola de Frankfurt. O prédio do Instituto de Pesquisa Social foi bombardeado na guerra e, depois, reconstruído. Sem aura, deveria ter dito Adorno.

Por fim, o argumento marxianamente correto: em uma feira de carros e de concept cars, predomina o desenvolvimento tecnológico, que alimenta as forças de produção e, daí, a luta de classes, etc. Por outro lado, a visita ao prédio por onde passaram famosos teóricos críticos seria uma típica recaída na fetichização.

Além disso, os carros eram muito bonitos e fazia um belo domingo de primavera às margens do Meno em agosto de 1993.

sexta-feira, 28 de maio de 2010

O FILÓSOFO TROPEÇA E LULA RI


Capa Folha de São Paulo, 25 Outubro de 2003

A cena se repete. Diógenes Laércio teria gostado de vê-la, se ele tivesse um video cassette player com a tecla rewind. Diógenes conta que Tales de Mileto caiu em um poço, enquanto olhava as estrelas. Distraído ou concentrado, tanto faz, pois o estereótipo do filósofo voado é antigo. Vinte e cinco séculos, pelo menos. E uma jovem criada trácia riu de Tales, o que equivaleria a alguma frase preconceituosa do tipo “uma empregada doméstica vinda de Quixeramobim pôs-se a rir do cavalheiro que descia do bonde”.

Pois agora é o operário de Garanhuns que riu do filósofo alemão, que tropeçou no tapete vermelho de sua Majestade, o Príncipe das Astúrias. Esse mundo é uma bola. Quem haveria de imaginar esse inusitado encontro. Lula e Habermas, em 2003, receberam um prêmio da realeza espanhola. O riso de Lula foi discreto, automático. E ele não estava perto para estender o braço e evitar que o filósofo caísse. E nem parece que caiu. Só subindo pelas tabelas, aliás.

A foto, que está no site de assinantes da Folha de São Paulo, não permite ampliação, e nem dá para confirmar se Lula riu ou não riu. O importante foi esse “momento histórico”: um intelectual europeu influente e um operário-sindicalista bem sucedido na política que vai nos tirando do Terceiro Mundo. Reparem que o jornal quis também dar uma rasteira em Lula, “puxar seu tapete”, ao ressalvar no subtítulo da edição da véspera: Lula vai à Espanha receber prêmio que FHC já recebeu. Palmas pra FHC também, de boa. E um muxoxo para o editor da FSP.

Hoje, oito anos depois, os cabelos de ambos estão cada vez mais brancos e cada um soma mais e mais prêmios e homenagens. E é claro que este nosso blog contém uma homenagem constante a um desses senhores, que são referência para o século XXI. Nosso século começa navegando entre a social-democracia e a globalização de mercado. Entre a “guerra ao terror” e a devastação da natureza. E não sabemos o que vem por aí. Mas, como disse o assistente do delegado a Deckard, no filme Blade Runner, “quem é que sabe, afinal?”

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Não leve este autor muito a sério

Em 1989, durante a visita de Habermas ao Rio de Janeiro, o dito professor foi apresentado ao filósofo alemão, após uma de suas conferências. A apresentação coube ao Prof. Valls, que se referiu ao até então desconhecido como "o tradutor do livro de Raymond Geuss". Não esperem nenhuma revelação muito estrondosa. Habermas riu e disse, em tom de recomendação: "Não leve Geuss muito a sério". Trata-se do livro "Teoria Crítica: Habermas e a Escola de Frankfurt" (Editora Papirus, 1988), que dá uma abordagem analítica da obra de Habermas até 1980, em torno de três temas: Ideologia, interesse e teoria crítica. A verdade é que o livro foi levado a sério e é muito citado por aí. Está esgotado há muito tempo e muitos estudiosos pedem desesperadamente uma segunda edição, pois os sebos estão cobrando uma fortuna. A assessoria de imprensa do professor-tradutor comunica que ele topa a tarefa e até poderia preparar uma nova apresentação. Editoras, candidatem-se e entrem na fila.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Veja nos Próximos Capitúlos

O que Habermas disse ao professor Bento quando esteve no Brasil.

AGUARDE!

Habermas - Filósofo que esquia e lava pratos



Nos meses de março e abril deste 2010, tivemos uma tarefa difícil: ler e entender os perfis que Habermas escreveu para Marcuse, Bloch, Gadamer e G. Scholem. Uma estudiosa de Bloch disse que aquilo não era bem um perfil; era uma caricatura. E Habermas parecia sempre preocupado com a revolução, com o terrorismo, com o irracionalismo. Agora, em maio, queremos fazer um perfil de Habermas, que não seja muito pesado, do tipo "filosófico-político". Que tal um perfil humano, familiar? Temos fotos dele e até charges e vídeos. Ele já se aposentou, completou 80 anos e merece um presente: uma imagem mais relax, como sugeriu Zygmunt Bauman.





Habermas in RIO - Eu Fui...

Habermas esteve no Brasil em 1989. Apresentou conferências em Porto Alegre, São Paulo e Rio de Janeiro. Eu estive nesta última cidade, onde assisti as duas conferências ministradas ali. O público era numeroso e a imprensa garantiu uma grande cobertura ao evento. Tive a oportunidade de conversar rapidamente com ele e guardei o singelo cartaz, que foi reproduzido abaixo, como contribuição à memória da filosofia no Brasil. E tenho dito...
Prof. Bento Itamar Borges

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Monopólio Editorial na Alemanha


A editora SUHRKAMP em Frankfurt sobre o Meno - porque há outra Frankfurt na Alemanha sobre nenhum rio - tem publicado todas [ou quase todas] as obras originais de Habermas. A imagem da capa à direita deve ser dessa cidade, que aliás é o atual centro financeiro da Alemanha.

Quiz Filosófico

Durante a aula de hoje, fizemos uma exposição das obras do filósofo e cada aluno se encarregará de uma notícia leve sobre cada uma delas para a semana que vem.

- "Conhecimento e Interesse";
- "Direito e Democracia";
- "A Crise de Legitimação do Capitalismo Tardio";
- "Mudança Estrutural na Esfera Pública";
- "Discurso Filosófico da Modernidade";
- "Para a Reconstrução do Materialismo Histórico".

Qual a obra mais relevante? [Há controvérsias]

Qual a obra mais agradável de se ler? [Esperamos que haja consenso... rs]

Qual a obra mais difícil (chata)?

Qual a obra mais traduzida e publicada?

Será que alguma obra mais antiga ficou superada pelo novo paradigma discursivo?


Comentário: não saia daqui quem não souber o que é a teoria do agir comunicativo, ou seja... a antecipação contrafactual da situação ideal de fala.

Qual é a graça? Explicando...

A charge apresentada aqui na semana passada é, na realidade, uma paródia da original: Charge original de Volker Kriegel

Horkheimer era o 'grandão', que abraçava os outros filósofos (Habermas, Adorno e Marcuse), uma vez que era ele o diretor do Instituto de Pesquisa Social, que unia os outros três. A paródia se deu por apresentar a mesma charge, mas com Habermas como o 'paizão', pois ultimamente ele se tornou o filósofo mais importante da escola alemã.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Qual é a graça?

Remontagem: André Queiroz e Marco Ariel Galvão
Charge original: Volker Kriegel
Montagem original: Congresso Internacional Habermas 80 anos [www.logosdedalos.com]
Resposta na próxima aula.

PERFIL HABERMAS













Por: ANA GABRIELA, ANDRÉ CUNHA, CAROLINA LACERDA, JULIANA GABRIEL E MIKAELLA RIOS.

Nascido em 18 de Junho de 1929, na vila de Gummersbach, em Düsseldorf, Habermas conheceu sua esposa na universidade. Casou-se em 1955, com Ute Wesselhoeft. Tiveram três filhos: Tilmann (1956), Rebeca (1959) e Judite (1967).
Parece uma ironia um filósofo da linguagem ter problemas de dicção. Mas o filósofo Habermas nasceu com lábio leporino. Inclusive, somente em 2005 ele fala sobre esse problema pessoal, durante uma entrevista no Japão. Logo após o nascimento sofreu uma operação difícil, no entanto, por sua pouca idade, sua auto-confiança ainda não fora abalada. Precisou passar por mais uma operação do paladar aos cinco anos, idade com a qual já tinha a memória mais desperta, o que aguçou sua consciência da dependência dos indivíduos entre si. Inclusive, na escola, tinha dificuldades para se comunicar, pois os outros não o entendiam e ainda era motivo de “chacota” pela voz nasal e articulação distorcida.
Porém, foi justamente esse problema que parece ter sido a motivação para seus estudos relacionados à linguagem nas áreas de Filosofia, Psicologia, Gramática, Literatura e História, além de estudar Economia e Germanística. E para compensar seu déficit em comunicação, desenvolveu bem a habilidade da escrita.
Assim, até hoje tem medo de pronunciar um discurso sem papéis. Transferiu isso a seus alunos, que sempre foram melhores avaliados pela capacidade de escrever do que a de falar. Logo, ele tentou superar todo o seu problema com o número exagerado de publicações.
Anderson e Dews, ao entrevistarem Habermas, mencionam que é quase um consenso que suas considerações estilísticas parecem recuar a um segundo plano. Na busca de uma escrita mais funcional, em que o modo de escrita “muda de acordo com o objetivo, o destinatário, o lugar e a hora” (ANDERSON E DEWS, p. 85), seus textos tornam-se difíceis de ser compreendidos por aqueles que pouco conhecem sobre o contexto em que vive.
Em 1954 doutorou-se me filosofia, pela Universidade de Bonn, com a tese Das Absolute und die Geschichte, publicada no mesmo ano. Estudou com Adorno e foi assistente no Instituto de Investigação Social de Frankfurt am Main (1956/1959). Em 1961 obtém a licença para ensinar na Universidade de Marburg, e em seguida é nomeado professor extraordinário de filosofia da Universidade de Heidelberg (1961/1964) e professor ordinário de filosofia e sociologia da Universidade de Frankfurt am Main (1964/1971).
Quanto ao engajamento político na Alemanha Habermas afirma não ter muitas ilusões e assegura que sua posição é puramente de um pesquisador universitário que construía sua opinião decorrente do que era divulgado pela mídia. Ainda na Alemanha o filósofo apoiou a Federação dos Estudantes Socialistas após ter sido excluído do partido social democrata em 1961. Fora a única vez que Habermas tomara partido em uma organização, este apoio, atitude da qual afirma não se arrepender, perdurou até o ano de 1969.
Durante certo tempo atua como critico teatral do Frankfurter Allgemeine Zeitung e na Handelsblatt onde conheceu e foi influenciado por Brecht. Convertido em teórico do movimento estudantil escreve, em colaboração com Friedeburg, Oehler e Weltz, Student uns Politik. Mas de guia do movimento estudantil, transforma-se em critico do mesmo e publica Protestbewegung und Hochschulreform em 1969.
Em 1968 exerce a docência na Theodor-Heuss-Lehrstuhl, na escola de Investigação Social de Nova York. Desde 1971 é co-diretor com Carl Friedrich Von Weizsacker do Instituto Max Plank para a investigação das Condições de vida do Mundo Técnico-Cientifico em Starnberg.
Sua teoria social critica constitui uma tentativa de mediação dialética entre a tendência subjetiva á liberdade e a objetividade natural e social, visando atingir a emancipação progressiva do gênero humano.
Aceita a intitulação dos marxistas de “liberal radical” e tem pavor da conexão “ação comunicativa” com “sociedade utópica racionalista”: “Nada me deixa mais nervoso do que a imputação de que a teoria da ação comunicativa, porque ela focaliza a facticidade social de exigências de validade reconhecidas, propõe, ou ao menos sugere, uma sociedade utópica racionalista” (ANDERSON E DEWS, 1987, p. 93).
E ainda se admite eurocentrista. Observe a resposta que ele deu à seguinte pergunta: “Em sua opinião, concepções de socialismo desenvolvidas no transcorrer das lutas antiimperialistas e anticapitalistas no Terceiro Mundo têm algum efeito sobre os objetos de um socialismo democrático no mundo capitalista desenvolvido? E, inversamente, a sua própria análise do capitalismo desenvolvido contribui para as forças socialistas do Terceiro Mundo?” (ANDERSON E DEWS, 1987, p. 101). Olha a resposta do bonitão: “Sou tentado a responder ‘não’ em ambos os casos. Tenho consciência de que esta é uma visão eurocentricamente limitada. Prefiriria passar adiante” (ANDERSON E DEWS, 1987, p. 101, sic).
*Habermas foi indicado para dar uma palestra no Collège de France, e Foucault não gostou nada da idéia, por isso não foi assistir sua palestra. Porém, Foucault foi intimado a jantar com seu rival, juntamente com o jornalista Didier Eribon que relatou essa história. Porém, durante o jantar, em que comida alguma esta fácil de ser engolida, Foucault esbravejou, tirando satisfação sobre o que ele ouvira falar de sua palestra: “Então você acha que sou anarquista?”.