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domingo, 21 de julho de 2013

AGOSTINHO E ANTONIONI



Memória de Curso

Tópicos especiais de História da Filosofia Contemporânea (Hermenêutica)


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O curso começou ao som de um bate-estacas em frente a nossa sala de aula na UFU. Daí fomos aos continentes à deriva, pensamentos primitivos, mascar a palha seca do filosofar. E culminamos com a poesia de João Guimarães Rosa.

Aí eu vironça no gran desertão do João Rosa


Vi no Professor Bento um ser capaz de, com grande desenvoltura, não só mudar o rumo da prosa, como também reunir pedaços, algo impossível para muitos que só se expressam bem, lidando com o tema “de cabo a rabo”. Diante de tanta variedade, a beleza da aula estava em não perder o norte da exposição, que sempre nos levava a uma conclusão clara e objetiva.



Nas aulas seguintes, temas e palavras iam fluindo para melhor compreensão das traduções do alemão para o português. Exemplos:

A) em alemão, dívida, ofensa e culpa é tudo igual;

B) Revelar um filme é desenvolver o filme, em alemão;

C) Pecado original é pecado herdado, em alemão.



Como é quase impossível traduzir sem trair, só uma pessoa com amplo vocabulário e capacidade de reunir pedaços tão díspares pode gerar algo sem tirar o âmago do original.

É zóio da zonça ou da lente Zeiss, siô?
(João G.: mais um mineiro na Alle-manha)


Passamos a estudar Santo Agostinho, que valorizava as regras para estudar as Escrituras. Era o seu modo de evitar leituras distorcidas das Sagradas Escrituras.

Para sua época (364-430), quando o ser humano ainda era muito preso a diversas orientações doutrinarias, sua obstinação era bem-vinda. O seu lado radical e de grande dedicação o levou a escrever muitos livros, praticamente todos de cunho religioso.


Caçando encrenca com ASA e DIN

Sua visão estreita de se relacionar com o mundo, talvez em conseqüência de sua abstinência alcoólica o levou a tricotomia: a) existir; b) conhecer; c) querer. Esta última, que derivou a máxima “querer é poder”. Os sonos (?) plenos de cavalares a cruzar terras e terras e dominar muçulmanos e judeus do solo santo, hoje Israel.



Passamos por aulas sobre o tema: a autobiografia como gênero filosófico. O texto estudado nos levou a uma frase com duplo sentido, sobre a criação do escritor: o autor cria e se cria, inventando, em qualquer caso, a verdade.



A seguir, o professor Bento se dedicou muito ao livro Fenomenologia do Espírito, escrito por Georg Wilhelm Friedrich Hegel. Ao explicar a impossibilidade de um prefacio, ele condensa o mesmo no âmago da obra. Muito esclarecedora é a evolução entre Agostinho e Kant, e a posterior explanação em Hegel.

Agostinho: Existir / conhecer / querer

Kant: conhecer/ fazer / esperar

Hegel desenvolveu uma teoria sobre o absoluto (espírito): ele não deve ser concebido, mas sim, sentido e intuído; como não fosse suficiente, gerou uma mania de grande grandeza, que no século XX desgraçou os alemães.

Triângulo da vida ................../ .......................Triângulo da morte

(E) equilíbrio (E) Espírito ... e absoluto





Forma Conteúdo Forma (reich)......Conteúdo (altamente manipulado)



Acima, os triângulos esclarecem a loucura. Sua paixão por manter a forma de governo, Reich (reino, riqueza) dos germânicos, (ele era amigo do rei), algo antagônico aos ventos de liberdade e fraternidade, que brotaram nas Américas e explodiram na Revolução Francesa.

Sua obsessão de não perder as tetas do reino alemão levou a nação ao 2º Reich com Otto Von Bismarck (1871-1918), e o 3º Reich, nazismo, com a idolatria ao pan- germanismo e ao absoluto Adolf Hitler.

Blow Jap

(depois daquele brejo: Urucuia, na peixeira do Matraga)


Estudamos Schleiermacher, a respeito dos aspectos semânticos: estudo do significado usado por seres humanos para se expressar através da linguagem. Vimos a dependência mútua entre Dialética e hermenêutica .



O coroamento do semestre se deu com a exibição do filme Blow up, dos tumultuados anos 60, inspirado no clássico de Cortázar, “As babas do diabo”. O filme traz várias formas de desenvolvimento (revelação, em português).

O desenvolvimento:

a) De um processo investigativo de um crime (via fotos)

b) Da preparação de duas virgens com o ator principal para uma vida sexual (sem chegar aos finalmentes)

c) Da vida desregrada pelas drogas de uma modelo e do seu divulgador

d) Para a festa de se jogar tênis sem a bola, sem antes passar pelo andar, gritar e dançar dos adolescentes.

Como na hermenêutica, a ampliação da foto (esmiuçar, destrinchar muito um texto) leva a pontos aleatórios, sem nexo.

(E agora cada um jogue tênis sem bolinha, se quiser.
Se quiser entrar no jogo. Campo não falta.
Falta não faço. Não fiz.
E não viajei a Paris.)


Roberto Marcio Soares

Uberlândia, 15 de abril de 2013