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segunda-feira, 3 de maio de 2010

Qual é a graça?

Remontagem: André Queiroz e Marco Ariel Galvão
Charge original: Volker Kriegel
Montagem original: Congresso Internacional Habermas 80 anos [www.logosdedalos.com]
Resposta na próxima aula.

PERFIL HABERMAS













Por: ANA GABRIELA, ANDRÉ CUNHA, CAROLINA LACERDA, JULIANA GABRIEL E MIKAELLA RIOS.

Nascido em 18 de Junho de 1929, na vila de Gummersbach, em Düsseldorf, Habermas conheceu sua esposa na universidade. Casou-se em 1955, com Ute Wesselhoeft. Tiveram três filhos: Tilmann (1956), Rebeca (1959) e Judite (1967).
Parece uma ironia um filósofo da linguagem ter problemas de dicção. Mas o filósofo Habermas nasceu com lábio leporino. Inclusive, somente em 2005 ele fala sobre esse problema pessoal, durante uma entrevista no Japão. Logo após o nascimento sofreu uma operação difícil, no entanto, por sua pouca idade, sua auto-confiança ainda não fora abalada. Precisou passar por mais uma operação do paladar aos cinco anos, idade com a qual já tinha a memória mais desperta, o que aguçou sua consciência da dependência dos indivíduos entre si. Inclusive, na escola, tinha dificuldades para se comunicar, pois os outros não o entendiam e ainda era motivo de “chacota” pela voz nasal e articulação distorcida.
Porém, foi justamente esse problema que parece ter sido a motivação para seus estudos relacionados à linguagem nas áreas de Filosofia, Psicologia, Gramática, Literatura e História, além de estudar Economia e Germanística. E para compensar seu déficit em comunicação, desenvolveu bem a habilidade da escrita.
Assim, até hoje tem medo de pronunciar um discurso sem papéis. Transferiu isso a seus alunos, que sempre foram melhores avaliados pela capacidade de escrever do que a de falar. Logo, ele tentou superar todo o seu problema com o número exagerado de publicações.
Anderson e Dews, ao entrevistarem Habermas, mencionam que é quase um consenso que suas considerações estilísticas parecem recuar a um segundo plano. Na busca de uma escrita mais funcional, em que o modo de escrita “muda de acordo com o objetivo, o destinatário, o lugar e a hora” (ANDERSON E DEWS, p. 85), seus textos tornam-se difíceis de ser compreendidos por aqueles que pouco conhecem sobre o contexto em que vive.
Em 1954 doutorou-se me filosofia, pela Universidade de Bonn, com a tese Das Absolute und die Geschichte, publicada no mesmo ano. Estudou com Adorno e foi assistente no Instituto de Investigação Social de Frankfurt am Main (1956/1959). Em 1961 obtém a licença para ensinar na Universidade de Marburg, e em seguida é nomeado professor extraordinário de filosofia da Universidade de Heidelberg (1961/1964) e professor ordinário de filosofia e sociologia da Universidade de Frankfurt am Main (1964/1971).
Quanto ao engajamento político na Alemanha Habermas afirma não ter muitas ilusões e assegura que sua posição é puramente de um pesquisador universitário que construía sua opinião decorrente do que era divulgado pela mídia. Ainda na Alemanha o filósofo apoiou a Federação dos Estudantes Socialistas após ter sido excluído do partido social democrata em 1961. Fora a única vez que Habermas tomara partido em uma organização, este apoio, atitude da qual afirma não se arrepender, perdurou até o ano de 1969.
Durante certo tempo atua como critico teatral do Frankfurter Allgemeine Zeitung e na Handelsblatt onde conheceu e foi influenciado por Brecht. Convertido em teórico do movimento estudantil escreve, em colaboração com Friedeburg, Oehler e Weltz, Student uns Politik. Mas de guia do movimento estudantil, transforma-se em critico do mesmo e publica Protestbewegung und Hochschulreform em 1969.
Em 1968 exerce a docência na Theodor-Heuss-Lehrstuhl, na escola de Investigação Social de Nova York. Desde 1971 é co-diretor com Carl Friedrich Von Weizsacker do Instituto Max Plank para a investigação das Condições de vida do Mundo Técnico-Cientifico em Starnberg.
Sua teoria social critica constitui uma tentativa de mediação dialética entre a tendência subjetiva á liberdade e a objetividade natural e social, visando atingir a emancipação progressiva do gênero humano.
Aceita a intitulação dos marxistas de “liberal radical” e tem pavor da conexão “ação comunicativa” com “sociedade utópica racionalista”: “Nada me deixa mais nervoso do que a imputação de que a teoria da ação comunicativa, porque ela focaliza a facticidade social de exigências de validade reconhecidas, propõe, ou ao menos sugere, uma sociedade utópica racionalista” (ANDERSON E DEWS, 1987, p. 93).
E ainda se admite eurocentrista. Observe a resposta que ele deu à seguinte pergunta: “Em sua opinião, concepções de socialismo desenvolvidas no transcorrer das lutas antiimperialistas e anticapitalistas no Terceiro Mundo têm algum efeito sobre os objetos de um socialismo democrático no mundo capitalista desenvolvido? E, inversamente, a sua própria análise do capitalismo desenvolvido contribui para as forças socialistas do Terceiro Mundo?” (ANDERSON E DEWS, 1987, p. 101). Olha a resposta do bonitão: “Sou tentado a responder ‘não’ em ambos os casos. Tenho consciência de que esta é uma visão eurocentricamente limitada. Prefiriria passar adiante” (ANDERSON E DEWS, 1987, p. 101, sic).
*Habermas foi indicado para dar uma palestra no Collège de France, e Foucault não gostou nada da idéia, por isso não foi assistir sua palestra. Porém, Foucault foi intimado a jantar com seu rival, juntamente com o jornalista Didier Eribon que relatou essa história. Porém, durante o jantar, em que comida alguma esta fácil de ser engolida, Foucault esbravejou, tirando satisfação sobre o que ele ouvira falar de sua palestra: “Então você acha que sou anarquista?”.