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quarta-feira, 31 de outubro de 2018

A MULHER DE MARX NÃO GOSTAVA DO VERMELHO (e ele era fã de... Gretchen)

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Habermarx. Um ato falho não muito raro em nossas aulas e conversas da pós-graduação no Rio Grande do Sul: escapava o nome de Marx, onde e quando era de se esperar Habermas, o inibido, o retorno do recalcado, etc. na lista do papo psicanalista de mestre E. J. Stein.  Tipo: "A-ha!... te peguei, tchê..."

Este blog vai dar espaço para o Carlão. No ano do segundo centenário do nascimento de Karl Marx, este 18, vamos abrir uma banquinha de livros ensebados aqui. História, literatura, costumes. A seguir, uma página simpática da família "Marques".

Motivação, também em família.  Isturdia grande, meu xará me pede para confirmar se Marx havia respondido um questionário no caderno escolar da filha dele e... passei dias, voltei à biblioteca, reli a crônica de Maximilien Rubel. E nada. A solicitação vinha de uma amiga em Sampa. Por fim, encontrei emm outra fonte o registro dessa curiosidade.


CONGA LA CONGA

A Gretchen citada por Marx é outra,
mas nada contra o rebolado
( a outra aparece no "FAUSTO", que não é programa de TV: https://www.grin.com/document/94480)


Assim como fazem ainda as mocinhas em idade escolar, para preencher as páginas finais de seus cadernos Tilibra com capa da moda, as filhas de Marx ocupavam esse espaço de liberdade, fora das ementas e tarefas: my space, my secrets, my stickers. 

"Remember the days of the old school yard..."
(Cat Stevens)


Transcrevo as respostas de papai Karl, na tradução para o espanhol. E, em seguida, também as respostas de Dona Jenny, a mãe. 


Apendices

IV
El humanismo cotidiano

Confesión236

Virtud favorita: La sencillez.
Virtud favorita en el hombre: La fortaleza.
Virtud favorita en la mujer: La debilidad.
Su rasgo principal: La unidad de propósito.
Idea de la felicidad: Luchar.
Idea de la desgracia: La sumisión.
El vicio que más excusa: La credulidad.
El vicio que más detesta: El servilismo.
Aversión: Martin Tupper.
Ocupación favorita: Ratón de biblioteca.
Poeta favorito: Shakespeare, Esquilo, Goethe.
Prosista favorito: Diderot.
Héroe favorito: Espartaco, Kepler.
Heroína favorita: Gretchen.
Flor favorita: Dafne.
Color favorito: Rojo.
Nombre favorito: Laura, Jenny.
Plato favorito: Pescado.
Máxima favorita: Soy humano y nada de lo humano me es ajeno (Terencio).
Lema favorito: Hay que dudar de todo.

Essa frase soa melhor em latim:

"Homo sumhumani nil a me alienum puto."

 Tradução: Sou humano, nada do que é humano me é estranho. Fonte: Heautontimorumenos, 163 d.C. ...


236 De un cuestionario presentado por Laura, una de las hijas de Marx, a su padre. Originariamente manuscrito en inglés. Realmente vale la pena consultar el trabajo de Riazanov donde analiza este pequeño pero significativo texto. (Cfr. David Riazanov, “La ‘Confesión’ de Karl Marx”, La vida y el pensamiento revolucionario de Marx y Engels, / Fonte Marx en su (Tercer) Mundo - Hacia un socialismo no colonizado. Néstor Kohan.  Primera edición: Buenos Aires, Biblos, 1998.


ð  Durante essa pesquisa, encontramos em outra base o mesmo questionário respondido pela Sra. Jenny Marx, mãe da estudante que tanto nos ajudou a desenhar esses perfis tão simpáticos. Fiz aí tradução fast food, do essencial. 

Eintragung in das Confession book ihrer Tochter Jenny[Bearbeiten | Quelltext bearbeiten]

Jenny Marx trug sich 1865 in englischer Sprache in das Poesiealbum ihrer Tochter Jenny ein.[135]
Pergunta
Resposta
Sua virtude favorita…
Sinceridade
… no homem
perseverança
... na mulher
Afeição
… característica principal
sensibilidade
…Ideia de felicidade
saúde
… idéia de miséira
Dependência
..O vício do qual mais se desculpa
indecisão
… o vicio que mais detesta
ingratidão
...tem aversão por
Dívidas
Ocupação  favorita
Trabalhos manuais (crochet, tricô)
Poeta
Escritor em prosa
Herói
Coriolano
Heroína
flor
Rosa
cor
azul
Máxima predileta
“Tudo meio ruim”, não se preocupe
Lema
Nil desperandum (não se desespere)
Jenny, Julia, Joan, Bertha Marx (1865)


Leitura muito boa. Releitura também.
Dia a dia. Crônica jornalistica, com detalhes
instigantes e reveladores, kind of: Marx insistia
em receber adiantado sua herança. A mães judia trancou
o cofre. Por fim, liberou a verba, que Marx torrou rapidinho em
novo endereço e bons vinhos...
(e, claro, política, muita política e leitura )

domingo, 1 de maio de 2016




Revolta
(Reiner Kunze)

“Marcuse? Você tem um livro de Marcuse? Vê se me empresta ele...”

Eu disse a ela que nesse livro Marcuse dá uma visão da filosofia desde seis séculos antes de Cristo até nossos dias.  

“Não faz mal”.

Dois milênios e meio de filosofia, isso não é pouca coisa, eu disse. Aí, ainda falta perspectiva a uma pessoa com dezesseis anos.

“Mesmo assim. Eu tenho que ler isso”.

Eu dei o livro a ela. Apenas lamentaria, disse eu, quando ela o deixasse de lado depois da primeira página, para nunca mais por a mão.

“Ah! Claro que não. Se o livro for dele”.

Eu disse a ela que devia saber que há dois Marcuses.

“E daí? Mas esse aqui é o tal que provocou as revoltas estudantis?!”

Você quer dizer Herbert Marcuse, eu disse. Esse aqui é Ludwig Marcuse. Nesse livro, trata-se de entender o que torna humanos os homens.

“Ah! é?” O olhar dela dirigiu-se à lombada do livro. “Então, não preciso dele, não”.


[ Die Wunderbaren Jahren, ed. Fischer, 1976-2002, p. 51; trad. Bento Itamar Borges]
 
 
Olha só! O livro virou filme em 1980, dirigido pelo mesmo Reiner Kunze, que migrou da Alemanha de lá, para a de cá.



 
O Marcuse fumante, à esquerda, é o Herbert. O de óculos é o Ludovico. Vejam bem onde viemos parar: hoy dia, fumar um charutinho já parece rebeldia e pode dar cadeia. Revoltante. E brochante, diria o autor de Eros e civilização.
Ponto final: imaginemos que a moça da foto no cartaz do filme quisesse ler Marcuse. E que o rapaz sem camisa tenha dissuadido a pequena. Tem razão o jovem Reiner: saber como o bicho homem, vulgo serumano, se torna humano - inclusive Womano - é muita areia para o caminhãozinho desse primata na era do One dimensional man. Falou, bicho?

domingo, 21 de julho de 2013

AGOSTINHO E ANTONIONI



Memória de Curso

Tópicos especiais de História da Filosofia Contemporânea (Hermenêutica)


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O curso começou ao som de um bate-estacas em frente a nossa sala de aula na UFU. Daí fomos aos continentes à deriva, pensamentos primitivos, mascar a palha seca do filosofar. E culminamos com a poesia de João Guimarães Rosa.

Aí eu vironça no gran desertão do João Rosa


Vi no Professor Bento um ser capaz de, com grande desenvoltura, não só mudar o rumo da prosa, como também reunir pedaços, algo impossível para muitos que só se expressam bem, lidando com o tema “de cabo a rabo”. Diante de tanta variedade, a beleza da aula estava em não perder o norte da exposição, que sempre nos levava a uma conclusão clara e objetiva.



Nas aulas seguintes, temas e palavras iam fluindo para melhor compreensão das traduções do alemão para o português. Exemplos:

A) em alemão, dívida, ofensa e culpa é tudo igual;

B) Revelar um filme é desenvolver o filme, em alemão;

C) Pecado original é pecado herdado, em alemão.



Como é quase impossível traduzir sem trair, só uma pessoa com amplo vocabulário e capacidade de reunir pedaços tão díspares pode gerar algo sem tirar o âmago do original.

É zóio da zonça ou da lente Zeiss, siô?
(João G.: mais um mineiro na Alle-manha)


Passamos a estudar Santo Agostinho, que valorizava as regras para estudar as Escrituras. Era o seu modo de evitar leituras distorcidas das Sagradas Escrituras.

Para sua época (364-430), quando o ser humano ainda era muito preso a diversas orientações doutrinarias, sua obstinação era bem-vinda. O seu lado radical e de grande dedicação o levou a escrever muitos livros, praticamente todos de cunho religioso.


Caçando encrenca com ASA e DIN

Sua visão estreita de se relacionar com o mundo, talvez em conseqüência de sua abstinência alcoólica o levou a tricotomia: a) existir; b) conhecer; c) querer. Esta última, que derivou a máxima “querer é poder”. Os sonos (?) plenos de cavalares a cruzar terras e terras e dominar muçulmanos e judeus do solo santo, hoje Israel.



Passamos por aulas sobre o tema: a autobiografia como gênero filosófico. O texto estudado nos levou a uma frase com duplo sentido, sobre a criação do escritor: o autor cria e se cria, inventando, em qualquer caso, a verdade.



A seguir, o professor Bento se dedicou muito ao livro Fenomenologia do Espírito, escrito por Georg Wilhelm Friedrich Hegel. Ao explicar a impossibilidade de um prefacio, ele condensa o mesmo no âmago da obra. Muito esclarecedora é a evolução entre Agostinho e Kant, e a posterior explanação em Hegel.

Agostinho: Existir / conhecer / querer

Kant: conhecer/ fazer / esperar

Hegel desenvolveu uma teoria sobre o absoluto (espírito): ele não deve ser concebido, mas sim, sentido e intuído; como não fosse suficiente, gerou uma mania de grande grandeza, que no século XX desgraçou os alemães.

Triângulo da vida ................../ .......................Triângulo da morte

(E) equilíbrio (E) Espírito ... e absoluto





Forma Conteúdo Forma (reich)......Conteúdo (altamente manipulado)



Acima, os triângulos esclarecem a loucura. Sua paixão por manter a forma de governo, Reich (reino, riqueza) dos germânicos, (ele era amigo do rei), algo antagônico aos ventos de liberdade e fraternidade, que brotaram nas Américas e explodiram na Revolução Francesa.

Sua obsessão de não perder as tetas do reino alemão levou a nação ao 2º Reich com Otto Von Bismarck (1871-1918), e o 3º Reich, nazismo, com a idolatria ao pan- germanismo e ao absoluto Adolf Hitler.

Blow Jap

(depois daquele brejo: Urucuia, na peixeira do Matraga)


Estudamos Schleiermacher, a respeito dos aspectos semânticos: estudo do significado usado por seres humanos para se expressar através da linguagem. Vimos a dependência mútua entre Dialética e hermenêutica .



O coroamento do semestre se deu com a exibição do filme Blow up, dos tumultuados anos 60, inspirado no clássico de Cortázar, “As babas do diabo”. O filme traz várias formas de desenvolvimento (revelação, em português).

O desenvolvimento:

a) De um processo investigativo de um crime (via fotos)

b) Da preparação de duas virgens com o ator principal para uma vida sexual (sem chegar aos finalmentes)

c) Da vida desregrada pelas drogas de uma modelo e do seu divulgador

d) Para a festa de se jogar tênis sem a bola, sem antes passar pelo andar, gritar e dançar dos adolescentes.

Como na hermenêutica, a ampliação da foto (esmiuçar, destrinchar muito um texto) leva a pontos aleatórios, sem nexo.

(E agora cada um jogue tênis sem bolinha, se quiser.
Se quiser entrar no jogo. Campo não falta.
Falta não faço. Não fiz.
E não viajei a Paris.)


Roberto Marcio Soares

Uberlândia, 15 de abril de 2013



domingo, 6 de janeiro de 2013

TESE FAZ 5O ANOS

Esta edição brasileira foi publicada em 1984.
A original, em alemão, saiu em 1962 - há cinqüenta anos.
Era uma tese, defendida em 1961.


Para marcar a efeméride, a revista Problemata publica um dossiê sobre o livro.

 
http://www.ies.ufpb.br/ojs/index.php/problemata/article/view/14954/8492




v. 3, n. 2 (2012)

Dossiê Esfera Pública 50 Anos Depois



Organizadores / Edited By: Jorge Adriano Lubenow & Bartolomeu Leite da Silva


O autor deste blog participa dessa edição, com um artigo escrito para a ocasião:


O ESPAÇO FÍSICO DA OPINIÃO PÚBLICA: NOTAS

SOBRE JORNALISMO E ARQUITETURA



THE PHYSICAL SPACE OF THE PUBLIC OPINION: NOTES ON

JOURNALISM AND ARCHITECTURE



Bento Itamar Borges*


Resumo: Ao comemorarmos os cinqüenta anos de

publicação de Mudança estrutural da esfera pública

(1962), reunimos neste artigo alguns argumentos que
podem ajudar a explicar seu sucesso editorial, bem

como o papel de fio condutor que a categoria “esfera

pública” viria a ter para a obra posterior de seu

autor, Jürgen Habermas. Em seguida, são feitas

considerações sobre a história do jornalismo na

sociedade brasileira dos séculos XIX e XX, além de

dedicarmos uma seção para acompanhar a

apropriação do conceito “esfera pública” (ou espaço

público) nos campos da comunicação e da

arquitetura. Por fim, em torno de experiências de

intervenções urbanas anticapitalistas e com base na

obra dos teóricos críticos Oskar Negt e Alexander

Kluge, proporemos um retorno ao componente

físico, a vida no ambiente urbano, com

conseqüências para a participação política e a forma

de governo.

Palavras-chave: Jürgen Habermas. Esfera Pública.

Jornalismo. Arquitetura. Dialética do Espaço.


Abstract: In 2012 we are expected to remember and

celebrate the fifty years anniversary of the book

Strukturwandel der Öffentlichkeit. In the following

paper we aim to join some arguments in order to

explain the reasons of the academic and editorial

success of this text, published in Germany, in 1962,

and we thereby want to assume that “public sphere”

is the central theme and Leitmotiv of the entire

intellectual work of its author, Jürgen Habermas. We

will then make some considerations about the

history of journalism and public opinion in Brazil in

nineteenth and twentieth centuries, and beside this

we are going to examine how the concept of “public

sphere” (or public space) has been accepted in

different theory fields such as mass communication

studies and architecture. Finally, based on some

experiences and reflections on urban interventions,

we would like to propose a return to the “physical

space” of public sphere and, by doing that, we also

bring back some original critical ideas from Oskar

Negt and Alexander Kluge, concerning their

research on “Öffentlichkeit” as a general concept

that should also include the proletarian public

sphere.

Keywords: Jürgen Habermas. Public Sphere.

History of Public Opinion in Brazil. Architecture.

Space Dialectics.



segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

POLÍTICA NA TERÇA 2

Este blog é dedicado à filosofia séria, ou seja, àquela acadêmica, dos outros. Neste semestre atravessado, de novembro a abril, traremos aqui algumas conversas de sala de aula, em duas disciplinas optativas: Filosofia Política e Hermenêutica. Na terça e na quinta-feira, de manhã, turmas pequenas.

Meu outro blog traz, na mistura, alguma "filosofia ligeira" de nossa lavra
(conforme classificação de T. W. Adorno, para obras musicais na era do rádio)

Onde queremos chegar? O semestre poderá ser considerado proveitoso, se conseguirmos atravessar a dissertação de Joedson Santana, em que contrapõe Habermas a Pettit. Tema central: republica(nismo).

Mais ou menos pelo mesmo motivo que impediu Kant de citar Hegel, Habermas não citou Pettit (hasta ahorita, ou seja, ainda, em textos publicados que pudemos examinar, etc).

Por seu lado, o atualíssimo Pettit prestigiou Habermas na coletânea que organizaou junto com Goodin. O subtema "esfera pública" coube a Habermas.

Confiram, se quiserem, os demais temas e subtemas de uma coletânea recente (2008) de Filosofia Política Contemporânea.

Sumário traduzido de Contemporary political philosophy: an anthology,
uma coletânea organizada por GOODIN e PETTIT

 Um catatau de 754 páginas, da Editora Blackwell, 2008.





Parte I Estado e sociedade


1. O Estado (Quentin Skinner)


2. Simplificação do estado (James C. Scott)


3. O contrato social como ideologia (David Gauthier)


4. O contrato social fraterno (Carole Pateman)


5. Invocando a sociedade civil (Charles Taylor)




Parte II Democracia


6. A esfera pública (Jürgen Habermas)


7. Democracia procedimental (Robert A. Dahl)


8. Preferências e políticas (Cass R. Sunstein)


9. O mercado e o fórum: três variedades de teoria política (Jon Elster)


10. Deliberação e legitimidade democrática (Joshua Cohen)


11. Lidando com a diferença: uma política de ideias ou uma política de presença (Anne Phillips)




Parte III Justiça


12. Justiça como lisura [fairness] John Rawls


13. Justiça distributiva (Robert Nozick)


14. Oportunidade, escolha e justiça (Brian Barry)


15. A república procedimental e o self desimpedido (Michael J. Sandel)


16. A organização política (polity) e a diferença entre grupos: uma crítica ao ideal de cidadania universal (Iris M. Young)


17. Superando injustiça histórica (Jeremy Waldron)




Parte IV DIREITOS


18. Existe algum direito natural? (H. L. A. Hart)


19. Levando os direitos a sério (Ronald Dworkin)


20. Direitos básicos (Henry Shue)


21. Uma defesa do aborto (Judith J. Thomson)


22. Justiça e direitos das minorias (Will Kymilicka)


23. Direitos humanos como uma preocupação comum (Charles Beitz)




Parte V Liberdade




24. Dois conceitos de liberdade (Isaiah Berlin)


25. O que há de errado com a liberdade negativa? (Charles Taylor)


26. Um terceiro conceito de liberdade (Quentin Skinner)


27. Liberdade e igualdade são compatíveis? (G. A. Cohen)


28. Pluralismo liberal e democracia constitucional: o caso de liberdade de consciência (William A. Galston)


29. Os sem teto e a questão da liberdade (Jeremy Waldron)




Parte VI Igualdade


30. A idéia de igualdade (Bernard Williams)


31. Igualdade e prioridade (Derek Parfit)


32. Igualdade em quê? (Amartya Sen)


33. Igualdade complexa (Michael Walzer)


34. Justiça engendrada (Martha Minow)


35. Igualitarismo e o pobre imerecido (Richard Arneson)




Parte VII Opressão




36. Poder, direito, verdade (Michel Foucault)


37. Racismo, sexismo e tratamento preferencial: uma abordagem dos tópicos (Richard A. Wasserstrom)


38. “Amantes de seu próprio destino”: Dirietos de grupo, gênero e direitos realistas de saída (Susan M. Okin)


39. “Dependência” desmistificada: inscrições de poder numa rubrica do Estado de bem-estar social (Nancy Fraser e Linda Gordon)


40. Agüentando as conseqüências da crença (Peter Jones)




Parte VIII Relações internacionais




41. Guerra justa: o caso da segunda guerra mundial (G. E. M. Anscombe)


42. Auto-determinação nacional (Avishai Margalit e Joseph Raz)


43. A lei dos povos (John Rawls)


44. O romance do Estado-nação (David Luban)


45. Democracia: de estados-cidades a uma ordem cosmopolita? (David Held)


46. Governança global e lealdade democrática (Robert O. Keohane)


47. Migração e pobreza (Thomas Pogge)


48. Humanidade e justiça em perspectiva global (Brian Barry)


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AUTORES presentes na antologia de GOODIN & PETTIT,


que foram citados por HABERMAS em Direito e democraria e/ou em A inclusão do outro [ed. Originais: 1992 e 1997, respectivamente).

Essa listagem pode mostrar que Habermas citou quase a metade dos colaboradores de Goodin/Pettit, em suas duas obras mais importantes. E vejam que as pesquisas de Habermas cobrem a literatura de quase duas décadas antes. Os que foram citados estão marcado com DD e IO, entre parênteses (para Direito e democracia e A inclusão do outro, respectivamente).
 
A seguir, os autores presentes na antologia:

Anscombe, G. E. M.


Arneson, Richard

Barry, Brian

Beitz, Charles

Berlin, Isaiah

Cohen, Joshua (DD)

Dahl, Robert A. (DD, IO)

Dworkin, Ronald (DD, IO)

Elster, Jon (DD, IO)

Foucault, Michel (DD, IO)

Fraser, Nancy (DD, IO)

Galston, William A.

Gauthier, David

Gordon, Linda

Hart, H. L. A.(DD, IO)

Held, David (DD)

Jones, Peter

Keohane, Robert O.

Kymilicka, Will (IO)

Luban, David

Margalit, Avishai

Minow, Martha(DD, IO)

Nozick, Robert

Okin, Susan M.

Parfit, Derek

Pateman, Carole (DD)

Phillips, Anne

Pogge, Thomas

Rawls, John (DD, IO)

Raz, Joseph (IO)

Sandel, Michael J.

Scott, James C.

Sen, Amartya (DD,IO)

Shue, Henry(DD)

Skinner, Quentin

Sunstein, Cass R. (DD)

Taylor, Charles (DD, IO)

Thomson, Judith J.

Waldron, Jeremy (IO)

Walzer, Michael (DD, IO)

Wasserstrom, Richard A.

Williams, Bernard (IO)

Young, Iris M. (IO)



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CREPÚSCULO


Anselm Kiefer, "O crepúsculo do Ocidente"

(400 cm x 380 cm  x 12 cm, técnica mista, vários materiais, inclusive cinza e terra)

Repetimos aqui a imagem da capa da Antologia da Blackwell, conforme créditos na obra e na internet. Kiefer é um importante e raro artista alemão contemporâneo. O tema da bifurcação dos trilhos, com o sol poente, é muito adequado a esse volume organizado por Goodin e Pettit e lembra obra de Horkheimer, Ocaso (Dämerung) - from those dark times, diria Hannah Arendt. Depois faremos comentários sobre como é póssível aprender muito sobre política e capitalismo tardio (globalizado), antes mesmo de chegarmos ao miolo do grande livro, já nas orelhas. Aguardem. Ainda: a obra de Kieffer está na National Gallery, de Canberra, Austrália, país em que Pettit trabalhava.

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sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

HERMÊ NA QUINTA 2

DOIS JORGES:

O PROLIXO ALEMÃO e O miniCONTISTA





Na aula anterior, a segunda de dezoito, uma aluna estranhou quando ouviu que o autor alemão Gadamer escreveu um livro extenso e de leitura agradável. Agora trago para a 3ª aula dois catataus: o referido livro Verdade y método mais o raro livro de filosofia brasileira, Ciência e existência. Este, escrito por Álvaro Vieira Pinto, tem 537 páginas e foi o resultado de um ano de curso oferecido no Chile, em 1967, antes do golpe militar. Gadamer já tinha uns sessenta de idade quando lançou em 1960 seu influente livro, cujo subtítulo é “fundamentos de uma hermenêutica filosófica”. Estamos comparando aqui – assim como ocorreu na sala de aula do cinco-ó – apenas a extensão e o processo construtivo dos dois livros, que são também dois objetos mais ou menos diferentes.

O livro de Gadamer é resultado de longa maturação e diálogo com grande parte da história da filosofia. Os editores prepararam lista de autores citados, de temas e de obras. No caso de Álvaro Vieira, um livro de exceção: não há lista de nomes, nem de temas e nem qualquer bibliografia. Nem uma notinha de rodapé para agradar o professor de MTP. A única ajuda vem nos sumários de cada um dos vinte e dois capítulos, que certamente foram, antes, vinte e duas aulas. Talvez as aulas tenham sido gravadas e transcritas, o que nos ajuda a explicar o caráter prolixo e expositivo, em seqüência que não pode ser quebrada ou invertida; é um curso, um percurso. É preciso entender o que AVP chama de conhecimento (um conceito que inclui a ameba: a ameba conhece), para em seguida acatar sua concepção de pesquisa. E assim por diante, até beirar a revolução. Essa falta de fontes e copyrights apóia-se certamente também em motivos políticos, à época da formação de uma consciência anti-colonialista, etc.

O livro de Gadamer não é um manual, desse naipe. O leitor pode, sem pré-requisitos, selecionar do índice remissivo um tema, como, por exemplo, “aventura” e ler apenas as três páginas, embora seja melhor ler toda a seção “vivência” – que é conceito-chave da hermenêutica, desde Dilthey.

Ora, ainda não foi a hora de levar o terceiro catatau da hermenêutica. E não me refiro ainda à Bíblia Sagrada, mas, antes, ao livro de Paul Ricouer, O conflito das interpretações, com suas 600 e tantas páginas. Trata-se, no caso, de uma coletânea – que inclui, por exemplo, longa resenha de um livro do teólogo Bultmann – e para esse gênero de publicação a noção de prolixidade não se aplica com a mesma simetria.

¿Então, que tal uma guinada para a outra extremidade? Levei para a sala de aula o livro de minicontos do outro Jorge, o Abrantes: Contos instantâneos. Livro atípico e digno de uma curtíssima resenha, em breve, em outro blog. O livro tem quinze páginas de sumário! São uns 300 contos, que ocupam... 120 páginas: cada conto tem duas ou três linhas apenas. Segredo que interessa a nossa mui cara hermenêutica, cujas caldeiras vamos atiçando: também são relevantes, para a compreensão e a curtição de cada miniconto os seguintes elementos textuais e gráficos: o título, o tipo de letra (fantasias pictóricas e gráficas, inclusive), a dedicatória (e o perfil do homenageado) e os eventuais contextos de trilogias e reticências. Ou seja, o sentido vem de um jogo que extrapola os minicontos, sempre montados em diálogos, que nos fazem (pré)supor narrativas e contextos. Enfim, Jorge reclama uma ampla erudição e exibe um cuidadoso trabalho de “redução” – algo parecido com a edição de filmes de trinta segundos. O que é essencial? Qual é o efeito, o eco? Que afetos desperta?

Aí, nessa altura da aula com cuspe e giz, surgiu a conversa sobre os sinônimos e antônimos de “prolixo”. Ao ouvir termos como “conciso” e “sucinto”, foi inevitável encarar os pares análise e síntese, objetivo e “enche-lingüiça”, etc. Deveríamos opor “subjetivo” à noção de “objetivo”? Ora, quem fala do objeto (e não de si mesmo) também pode enrolar e demorar. O sachlich, em alemão, é o “coisal”, o científico (oposto às belas-letras), mas isso não é igual a objektiv.

Mais simples, por entonces, foi lembrar as lições de Folscheid e Wunenburger, no manual que conhecemos bem, Metodologia filosófica: não se deve resumir (ou contrair) obras literárias, nem obras difíceis e densas, como a KRV, Crítica da razão pura, de Kant. Sobra pouco para o exercício de resumir a dez por cento: debates jornalísticos, de opinião – o campo da embromação.

Devemos distinguir, como na anedota sobre o canivete, a propósito do nada, a composição e a subtração. Há fragmentos por acidente, quase tudo que resta dos pré-socráticos. E há escritos deliberadamente truncados, como alguma coisa de Derrida que traduzi e não consegui publicar. E não estamos aqui para ensinar ninguém a escrever desse ou daquele jeito. Vamos, sobretudo, ler e interpretar, adivinhar.

Mas aqui, a partir da questão da aluna, deitamos conversa (repetindo parte da aula) para mostrar que um texto prolixo pode ser agradável e relevante. E os dois exemplos valem: Gadamer e A.V. Pinto.

Já o contra-exemplo, no campo da ficção, reforça teses quase-intuitivas da hermenêutica, quanto ao caráter de sugestão e de mosaico de referências, além da pré-disposição e do contexto. O pouco que sei sobre Jorge Abrantes (que entende de cinema, tem mestrado em filosofia, na UFU, e é dentista) fornece uma boa dose do (bom) preconceito que Gadamer recebe de bom grado em sua hermé(neu)tica. [E isso aqui já uma amostra da homenagem concisa que espero fazer ao autor dos Contos instantâneos. Dica: neu é nova, em alemão...]

 
Não combina com blog publicar aqui um parágrafo de três páginas do livro do A. V. Pinto. E é fácil lerem por aí passagens de Gadamer. Vamos, então encerrar este post, com um miniconto do Jorge Abrantes (sem a fonte original do título) e uma referência. Aí, ficam os alunos e demais leitores liberados para voltar ao facebook. Time is money e vamos perdê-lo.

SEREIAS

Para Homero e Odisseu

-- Há perigo em todo canto.
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sexta-feira, 23 de novembro de 2012

POLÍTICA NA TERÇA E HERMENÊUTICA NA QUINTA



ANÚNCIO DE DISCIPLINAS

UFU - GRADUAÇÃO FILOSOFIA – 2º semestre/2012 - Matutino
(Início: 27 e 29/11/12)

Prof. Bento Itamar Borges

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NA TERÇA-FEIRA, POLÍTICA ATUAL – NA QUINTA, HERMENÊUTICA GERAL



TERÇA-FEIRA – de manhã

GFI128 - Tópicos Especiais de História da Filosofia Política 8



Filosofia política contemporânea. O neo-republicanismo de Philip Pettit, em contraponto com a Teoria discursiva do direito e da democracia, de Habermas. Constitucionalismo e o novo federalismo. Estado de bem-estar social. Europa e Estado pós-nacional. Política deliberativa e a sobrecarga do Estado (inclusive formação política da vontade). Meio século de “esfera pública”.

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QUINTA-FEIRA – de manhã

GFI152 - Tópicos Especiais de História da Filosofia Contemporânea 7



HERMENÊUTICA PARA FILÓSOFOS - TEMAS E AUTORES INTERESSANTES: De volta a um texto inacabado, de 1992: “Uma hermenêutica universal?”; Exemplos de pesquisa em gêneros (literários) da filosofia: narratividade, biografia, ensaio, etc. (a pergunta por uma “questão fundamental”). Leitura seletiva de Gadamer, em Verdade e método (e comparação de traduções dessa obra ). Volta aos pioneiros (Santo Agostinho, Nicolau Krebs, Hegel, Dilthey). Um exercício de leitura comentada. Uma atualização, em defesa do “desejo de compreender” (e de escrever difícil), na época atual, a da tradução mecânica (análise de e crítica a Pustejovsky ou outra semântica qualquer, operacionalizável, para uso limitado e limitante.)

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Alunos da pós-graduação em filosofia (mestrado) interessados poderão participar como ouvintes nessas duas disciplinas.

Prof. Bento Itamar Borges

Udi, 15 de novembro de 2012