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quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

PLAYMOBIL do HABERMAS


É fácil encontrar essa imagem do lado. Uma mulher segura uma bandeira com três fitas, nas cores francesas. E Habermas, caracterizado com algum traje de receber mais um título de doutor honoris causa, o topete grisalho. Enfim, muito engraçadinho e serve para completar montagens de castelos e multidões em escala de um por vinte e cinco. O grande lance é que a figura com a bandeira representa Olympe de Gouges, uma militante dos direitos humanos das mulheres. Muito pertinente a dupla, na montagem, pois Habermas teve que ouvir um monte de reclamações de militantes feministas nos anos enta e enta, logo depois de publicar sua tese sobre a esfera pública (1962). Não teria havido uma esfera pública feminina ou feminista? Habermas levou uns trinta anos para responder que não. Em um novo prefácio, explica que sua pesquisa não encontrou registros, embora isso e aquilo. Será que convenceu o mulherio engajado? É de se duvidar.

Um bonequinho de Adorno ficaria bem. Nesse caso, uma vingança da indústria cultural que põe na linha de montagem e no esquema de mercado a figura mais ranheta contra a sociedade alienada de consumo. Tipo assim, um rap com citações de uma peça de Mozart. O que não seria novidade, pois um hit repetia nos oitenta "I like Chopin" (entram acordes fora de contexto). E um outro pedia que Beethoven fosse para o acostamento: Roll over, Beethoven - que aliás virou nome de cachorrão atrapalhado em filme norte-americano sessão da tarde. Feito para crianças de dez anos, por adultos com idade mental de... uns seis.

Mas aqui, não. A Lego não brinca em serviço. E seu serviço é miniaturizar figuras e cenas e carros. Vejam outros bonccos filosofantes nos sites http://www.flickr.com/photos/helico/362481791/ + http://www.flickr.com/photos/helico/362481790/in/photostream/ Tem também Descartes, Averróis, Tomás de Aquino, Lao-Tsé e... Marx. Muito legal. Imaginem o que pode de render de conversa com as crianças, em torno da brincadeira e da coleção...

E atenção, pais e mães e babás que lêem blogs de filósofos que perdem tempo escrevendo sobre filósofos transformados em minúsculos bonecos! Crianças menores de 3 anos não devem brincar com o filósofo, pois podem engolir peças. No caso da boneca com a bandeira, a primeira peça a rolar é sua cabeça... (Omitam isso para crianças despreparadas) . E, como diria o Chaves ao Kiko: gente grande também pode engolir essas peças de brinquedos - mas não os desaforos da gentalha, gentalha!

PLOCON AVISA: cuidado com as imitações orientais. O legítimo Habermas escreveu Fakzität und Geltung e brilha de noite e de dia em todo o Ocidente social-democrata.

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Mais sobre a bonequinha Olympe de Gouges, na Wikipedia:
Olympe de Gouges, pseudônimo de Marie Gouze (Montauban, 7 de maio de 1748 — Paris, 3 de novembro de 1793) foi uma feminista, revolucionária, jornalista, escritora e autora de peças de teatro francesa. Os escritos feministas de sua autoria alcançaram enorme audiência. Foi uma defensora da democracia e dos direitos das mulheres. Na sua Declaração dos direitos das mulheres e da cidadã (em françês: Déclaration des droits de la femme et de la citoyenne) de setembro de 1791, desafiou a conduta injusta da autoridade masculina e da relação homem-mulher que expressou-se na Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão durante a Revolução Francesa. Devido aos escritos e atitudes pioneiras, foi guilhotinada na praça da Revolução, Paris.