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segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

O HABERMANS E O ROTWEILLER








Não confunda o nome dos homens. E "homem" em alemão é Mann. Daí que temos muitos nomes próprios, sobrenomes, que terminam em Mann: Zimmermann, Herrmann, Mannesmann e tantos outros. Pois não é que um certo alemão, da família Dobermann, inventou uma raça de cachorro que leva seu nome? Até então, Dobermann não era nome de cachorro. Assim como Ford não era marca de carro, antes de 1929. Então não tenham medo da palavra cão e nem do nome Dobermann. Pense no filhote, mansinho.

É que muitos alunos cometem esse deslize que soa engraçado: escrevem Jürgen Habermans. E nisso de acrescentar um N evocam tanto o homem quanto o homem que deu nome ao cão. E é cachorro grande, cachorro brabo, dos mais temidos, sem dúvida. Inteligente também, posso dizer. Besteira o lance do cérebro maior que o crâneo, a comprimir-se e enlouquecer o animal. Mas não convém encherem a barriga com dois quilos de ração e água e em seguidinha descer a ladeira do portão. Numa freada brusca, o estômago pode comprimir o coração e...

Mas o que é que esse cachorro de bad boy está fazendo aqui? De repente atrai um bad boy, depois da academia, que vai ler sobre um filósofo alemão, que tem um nome parecido com, etc.

Ora, na foto acima, a mensagem típica para muros e portões - "Aqui eu vigio" - não tem quase nada a ver com Habermas. A não ser que o vejamos como o guardião da velha modernidade racionalista. Mas não precisa ser cão de guarda pra vigiar um negócio desses; até gato vigia alguma coisa. Sua casa, inclusive.


Para um contraponto - e isso talvez compense para o pesquisador, que não sabia ainda - o mestre de Habermas também já se apresentou com nome de cachorro. Na raça, o aparentemente dócil Theodor Adorno, já adotou o pseudônimo de Erich Rottweiler.


Confiram em Martin Jay ou Kothe. Naqueles tempos bicudos da besta-fera comendo solta, era bom esconder o nome e o nome do meio. Se era...

Mas como assim, "dócil"? dirão revoltados os adornianos de carteirinha. Assim dócil, responde este blog, manso como sói ser um ursinho de pelúcia, apelidado Teddy, my Teddy "Bär". Olha, isso foi coisa de americano, botar apelido de Teddy em um venerável mestre Theodor. Nada de insinuar que sua crítica seja ou fosse entonces inofensiva.

Aproveitemos a deixa: nada de apologia aos cães bravos, pois na aldeia da Alemanha em que morei, Hohnstorf bei Bienenbüttel, só um nazista tinha cachorro pastor alemão (que é lá é só "Cão pastor"). Muito agressivo, dizia o vizinho Hans-Werner, que tinha um perdigueiro chamado Luiz, aliás Ludwig, que lembra outro filósofo, etc. E, a propósito, este blog não vigia nada - nem pela correção gramatical, depois da reforma orthographyca.

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TRANSLATION: It's sometimes funny when my students write HabermaNs, instead of Habermas, because I think they mix the family name of our philosopher with that german dog "Dobbermann". By the way, Adorno had also adopted "Erich Rottweiler" as pseudonym - and this is another german dog race. Well, perhaps Adorno would like to present himself as a fierce animal, but in the USA where he lived in exhile he was called Teddy, because of his first name Theodor. Well, this a childish form for calling puppy bears. And, in fact, we hope that Critical Theory can still be effective - it could not only grasp concepts but also bite "reality" and the postman who disseminates ideology. And say no to dangerous dogs. Give cats a chance.